quarta-feira, 1 de julho de 2009

Texto que mandei ao Jornal da Cidade

Fim do Diploma de Jornalismo: Contratando as exceções

Respondendo à Dona Irene Orlandi de Souza.O STF não ganhou nada, apenas abriu as portas para aquele que nunca teve espaço por não ter prática, técnica, algumas disciplinas teóricas, meteóricas que a grade curricular do curso de Jornalismo exige. O formando já sai jornalista de uma faculdade?Conhecimento se adquire em 4 anos?O que é mais importante?Técnica ou conhecimento?Um Armando Nogueira ou um recém-formado que sabe a escalação do Corinthians 2009?Na verdade, o STF, em nenhum momento, quis enfraquecer o curso de Jornalismo, que considero importantíssimo. Só que precisamos analisar as exceções, sair da imposição feita à época ditatorial, com a “dupla obrigatoriedade” (exigência de diploma específico de jornalismo e de registro no Ministério do Trabalho para o exercício regular da profissão de jornalista), fruto do Decreto-Lei 972 de 1969, de autoria da Junta Militar que governava o país..A contratação maior deverá continuar para os jornalistas formados, mas, e aqueles que têm ótimo conhecimento em determinadas áreas, não poderão escrever, fazer entrevistas?Eu jamais escreveria sobre economia, política por não ter conhecimento sobre tais temas.E não me arriscaria em outras áreas, como jornalismo investigativo, de TV, digital...O talento com a palavra, com o texto, não se adquire do nada, é nato,é um dom.Nem todos têm.A exigência do diploma é importante, mas não é tudo.Um redator publicitário não precisa ser necessariamente formado em Publicidade, pois muitas vezes é, e não tem criatividade.O jornalista formado pode escrever sobre determinado assunto apenas por ser formado em Jornalismo, mesmo sem ter conhecimento para tal?Tenho muitos amigos jornalistas formados e outros da 'velha guarda'. E tem lugar para todos no mercado, não sei o porquê desse medo. Quem tem competência segue em frente, não vai perder lugar para paraquedistas,mesmo porque isso é chamar os donos de jornais e emissoras de amadores, ingênuos. Mas, qual o problema de se ter ao lado uma pessoa apta, com conhecimento específico sobre esportes ou cultura e aprendendo a técnica no dia-a-dia? Não precisa ficar triste, Irene, pois seus amigos acadêmicos, com índole e dons para desempenhar tão bem essa função dentro de uma emissora, revista ou jornal impresso, vão ter sua chance. E, não tenho muitas profissões, a maioria são hobbies, vêm com naturalidade, fácil, fácil, e feitos com amor e com prazer, e o resultado disso foram premiações com poesias em concurso nacional, um belo curso de Direito, apresentações em eventos, bares, festas com meu dueto musical, pesquisa para livros autorizados por banda de rock nacional e ex-jogador de seleção brasileira, enfim, hobbies e não profissões. Para mim, escrever é prazeroso demais, é mais que técnica e não se adquire com exclusividade em cursos superiores de Jornalismo, pois se constitui como uma atividade intelectual, sem especificidade que exija só e tão somente o diploma para seu exercício. Sem contar que um jornalismo sem ética, direcionado como os casos de algumas revistas de'elite'(de jornalistas formados,mas sem ética),podem gerar danos e distorcer fatos, dando margem a más interpretações, como essa decisão do STF deu a algumas pessoas. O jornalismo é muito mais que isso: é amor, paixão, meio de informação, estilo próprio, honestidade, muita pesquisa, imparcialidade, objetividade, ética, conhecimento, transparência, verdade e técnica. E isso não se aprende em sala de aula. Se aprende com a vida.


Gustavo de Carvalho Guedes - GUTO GUEDES -

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